Estamos nos tornando invisíveis, isto é incrível !! O que foi tema de muitos filmes de ficção científica a invisibilidade hoje é uma realidade. Nos grandes centros urbanos sejam eles metrópoles como São Paulo, Nova Iorque, Paris, Bombaim, Cidade do México, Moscow, Londres, Tóquio e entre outras grandes capitais, o fenômeno da invisibilidade não é mais privilégio de artigos científicos e nem de seriados de tv ou super-heróis da Marwel.Andando pela São paulo, as pessoas não enxergam, ou melhor não querem enxergar os mendigos que perambulam como vivos mortos pelas ruas da capital, não vêem a matilha de crianças abandonadas pelas praças da cidade, não vêem mais os bêbados entregues a própria sorte caídos nas sargetas e nem mais veêm as prostitutas que transitam ente as pessoas. É tudo normal, nada disto comove mais, nada disto chama mais a atenção de niguém, nada disto tem a ver comigo.O menino que cheira cola aos cinco anos e a menina que ainda criança é violentada nas ruas estão invisíveis para nós. Como conseguimos ? E de fato, quem é invisível ? Somos nós que estamos invisíveis para eles? ou eles é quem estão invisíveis para nós. Na minha opinião, acho que os dois lados. Os excluídos estão invisíveis para a sociedade na mesma proporção que a sociedade está invisível para eles.
Diante disto, o psicólogo, Fernando Braga da Costa defendeu sua tese de mestrado na USP exatamente sobre este tema e deu uma entrevista ao Diário de São Paulo sobre a experiência que teve se colocando no lugar de um Gari. A entrevista já está na internet também há algum tempo e a estou postando aqui. Vale a pena ler.
Tese de mestrado do psicólogo social Fernando Braga da Costa.
“ O homem torna-se tudo ou nada, conforme a educação que recebe. Fingi ser gari por oito anos e vivi como um ser invisível.”
O Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da ‘invisibilidade pública’. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
Texto original de Plínio Delphino, Diário de São Paulo.
O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são ’seres invisíveis, sem nome’. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da ‘invisibilidade pública’, ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida: ‘Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência’, explica o pesquisador.
O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. ‘Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão’, diz.No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles.
Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: ‘E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?’ E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
Plínio-Diário: O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente à lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angústia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.
Plínio-Diário: E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
Plínio-Diário: E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma ‘COISA’. Ser ignorado é uma das piores sensações que existem na vida!
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Lembra daquele aluno bagunceiro sempre dava um jeito de jogar aviãozinho de papel do fundão da sala de aula? Pois saiba que ele pode virar um dos competidores de um esporte sério, com direito a regulamentos internacionais, campeonatos e juízes. 
Quatro brasileiros participarão da competição: os paulistanos Leonard Ang, Diniz Nunes, Everton Batista e o pernambucano Daniel Freitas.A última classificatória nacional foi realizada no dia 1o. de abril na Faculdade Mauricio de Nassau, no Recife. De lá saiu o representantre verde-amarelo na modalidade "voo acrobático". O recifense Daniel Freitas, da Federal de Pernambuco, será o terceiro brasuca a brigar pelo título mundial do Red Bull Paper Wings.
